SESSÃO 6

16 Out. 19h30

La Rosière de Pessac '79 de Jean Eustache, 1979, 16mm, 55'
La Rosière de Pessac de Jean Eustache, 1968, 16mm, 55'

Em La Rosière de Pessac, Jean Eustache regressa ao local da sua infância para realizar uma reportagem sobre a eleição da 72ª donzela de Pessac. O prémio recompensa as qualidades morais e os méritos de uma jovem rapariga. Jean Eustache escreveu sobre o filme: “Tomo a tradição tal como ela é, e filmo-a respeitando-a totalmente. (…) Talvez tenha um ponto de vista apesar de tudo, mas o que posso dizer em todo o caso é que não existiu qualquer intenção em La Rosière de Pessac, nem moral, nem crítica.” (Cahiers du cinéma, n.º 306) La Rosière de Pessac 79 mostra a mesma eleição da donzela de Pessac, onze anos mais tarde: “Gostava que os dois filme fossem mostrados juntos: primeiro o de 79 e depois o de 68. Uma forma de dizer às pessoas: se têm vontade de ver como tudo se passava, fiquem, pois irão ver.” (Jean Eustache)

“Veja-se, por exemplo, em La Rosière de Pessac (na primeira versão de 1968). É uma cerimónia tradicional, sobrevivente do século dezanove e que ainda se celebrava, se bem que com um certo distanciamento bem humorada. Eustache capta o ritual dessa festa segundo o princípio de cinéma-vérité muito em voga nessa altura, mas seguindo as regras do cinema etnográfico estabelecidas por Jean Rouch, vinte anos antes. Aqui, procura-se respeitar escrupulosamente o desenrolar de uma mise-en-scène há muito estabelecida - inventar um dispositivo (como colocar as luzes, a posição exacta dos microfones, os movimentos do operador e da sua câmara, etc) que permita apagar todas as marcas desse trabalho técnico. Nada conta a não ser a realidade humana, as relações emocionais dos indivíduos que se dão a um jogo de sociedade. Dez anos mais tarde, em 1979, Jean Eustache regressou a Pessac e retomou o seu sistema de captação, obtendo uma verdade sociológica diferente, com a alteração radical dos tempos, das mentalidades e dos interesses. A mesma cerimónia não é mais do que um simulacro, revelador da modificação das mentalidades e dos costumes. “ (Jean Douchet)